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Dissertação

Juraci da Silva Carmo

A realização variável do fonema /r/ em Itaguara (MG) e Itaúna (MG).

 

http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/9677

Palavras-chave: Fonemática. Língua portuguesa - variação.

Resumo: Esta pesquisa trata da produção do fonema /R/ em final de sílaba nas cidades de Itaguara (MG) e Itaúna (MG). O trabalho parte de uma constatação assistemática – conversa informal com moradores de cada cidade – na qual foi possível observar um comportamento bastante curioso: os moradores de Itaúna (MG) utilizam amplamente em sua fala a realização retroflexa do fonema /R/; já em Itaguara (MG) o mesmo não acontece, ou seja, ainda que haja a produção do fonema /R/ na fala dos moradores de Itaguara (MG), ela não é tão comum como na fala dos moradores de Itaúna (MG). Tendo as cidades relações próximas, o mais comum seria que compartilhassem dos mesmos traços linguísticos, pois, como comprova Labov (2008 [1972]), língua e relações sociais são indissociáveis. O objetivo geral do trabalho foi descrever o falar das cidades de Itaguara (MG) e Itaúna (MG), no que se refere à realização do fonema /R/, procurando explicar essa realização a partir do arcabouço teórico da Sociolinguística Laboviana. Para a execução da pesquisa, foi adotado como modelo teórico-metodológico a Teoria da Variação e Mudança Linguística, também conhecida por Sociolinguística Quantitativa. Já para as análises fonêmicas, foi utilizado o Modelo Fonêmico como aporte teórico. Foram selecionados 20 informantes – 5 mulheres e 5 homens em cada uma das cidades – e os métodos utilizados para a coleta de dados foram a narrativa oral espontânea e a entrevista. A gravação dos dados foi feita com a utilização de um gravador digital e sua audição com a utilização do software PRAAT, que permite, entre outras coisas, analisar acusticamente a voz e fazer edições e sínteses de fala. Os resultados da pesquisa confirmaram o que já havia sido percebido assistematicamente: o fonema /R/ retroflexo tem alta frequência na fala dos moradores de Itaúna (MG); já em Itaguara (MG), o fonema tem uma alternância maior com outras variantes do fonema /R/, principalmente com a fricativa glotal desvozeada. Além disso, a pesquisa permitiu perceber que pode haver em Itaguara (MG) uma mudança em progresso, ou seja, é possível que o fonema /R/ retroflexo deixe de ser utilizado pelos moradores de Itaguara (MG), já que sua frequência tem sido cada vez menor.

Tese

Leandra Batista Antunes 

O papel da prosódia na expressão de atitudes do locutor em questões

 

http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7ABNWJ

Palavras-chave: Locução na televisão. Entrevistas em televisão. Fonologia lexical. Língua portuguesa Entonação. Entonação (Fonética). Lingua portuguesa Versificação. Atitude (Psicologia) Testes. Língua portuguesa Análise prosódica.

Resumo: Este trabalho tem por objetivo discutir o papel da prosódia na expressão das atitudes do locutor em questões. Mais especificamente, o papel da prosódia foi estudado nas atitudes neutra, crítica, dúvida, incredulidade, indução, interesse e provocação, em questões realizadas em programas de debate e entrevista televisionados por três pequenas redes de TV de Belo Horizonte. No âmbito teórico, foi discutido o papel da prosódia na expressão da modalidade interrogativa e na expressão das atitudes do locutor. Também foi feita a discussão a respeito das questões, principalmente do ponto de vista da Teoria dos Atos de Fala, buscando caracterizar tais atos na interação verbal. Além disso, procurou-se demonstrar como as atitudes do locutor e a prosódia se relacionam às questões. Para verificar os objetivos, foram gravadas e analisadas aproximadamente novecentas questões de debates e entrevistas televisionados. Através do software Praat®, medidas de freqüência fundamental e duração foram feitas para as questões neutras, críticas, com dúvida, incrédulas, indutivas, com interesse e com provocação. Após tratamento estatístico dos dados, as características prosódicas das questões atitudinais estudadas foram descritas. Foi possível concluir que a prosódia exerce um papel importante na expressão das atitudes nas questões analisadas. A freqüência fundamental e a duração apresentam valores diferentes (muitas vezes significativamente diferentes) nas diversas atitudes estudadas. Apesar de o movimento melódico característico da interrogatividade ter permanecido o mesmo nas questões analisadas, mudanças melódicas locais, em conjunto com medidas de duração, apresentaram-se importantes na caracterização e distinção das atitudes estudadas.

Dissertação

Luis Ricardo Rodrigues Pires

Um Estudo Sociolinguístico do Uso da Preposição “Em” no Município de Ouro Preto (MG)

 

https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2544553

Palavras-chave: Preposição em variação linguística. Ouro Preto (MG).

Resumo: Esta dissertação analisa o uso da preposição “em” na fala de moradores do município de Ouro Preto (MG) a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista. São, para tanto, abordados os seguintes temas: a) a análise da variação no uso da preposição “em” na fala de moradores de Ouro Preto (MG); b) a observação do uso da preposição “ni” como uma variante da preposição “em”; c) a discussão de algumas hipóteses relativas ao surgimento da variante “ni”, à sua incorporação ao Português Brasileiro, bem como à estigmatização linguística da qual é alvo. O estudo parte da análise do estatuto gramatical das preposições, em especial da preposição “em”, nas gramáticas normativa, histórica e descritiva. No plano dos estudos linguísticos, são analisados alguns trabalhos desenvolvidos na perspectiva da Sociolinguística Variacionista sobre o uso das variantes “em” e “ni”. As hipóteses sobre o surgimento da variante “ni” discutidas nesta dissertação foram identificadas em trabalhos realizados por Cunha (1960), Carvalho e Nascimento (1984) e Lucchesi, Baxter e Ribeiro (2009). O corpus é composto por 16 informantes nascidos no município de Ouro Preto (MG), os quais foram agrupados de acordo com as seguintes variáveis extralinguísticas: gênero, faixa etária e escolaridade. Após a coleta dos dados, a partir da gravação de entrevistas sociolinguísticas, transcrição e análise do corpus, foram identificadas 557 ocorrências da preposição “em” (e de suas formas contraídas com artigo ou pronome) e da forma “ni”. Constatou-se, a partir da análise, que o uso das variantes não é necessariamente condicionado por fatores extralinguísticos, mas, sim, por aspectos linguísticos, como o traço semântico e o tipo de verbo que ocorre na elocução. Quanto à forma “ni”, embora sua ocorrência no corpus tenha sido bastante reduzida, constatou-se que seu uso se dá em situações de maior informalidade e, consequentemente, menor monitoramento linguístico.

Tese

Marília Silva Vieira

, daí e então em Campo Grande e São Paulo: análise sociofuncionalista no domínio da causalidade

 

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-16082016-154115/fr.php

Palavras-chave: Aí. Campo Grande. Daí. Então. Gramaticalização. São Paulo. Sociofuncionalismo.

Resumo: Fundamentada na interface entre a Sociolinguística (Labov, 1978; 2008 [1972]; 2001; Lavandera, 1978) e as teorias de gramaticalização, (Halliday, 1985; Hopper & Traugott, 1991; Givón, 1995), esta tese investiga o uso variável dos itens aí, daí e então em contextos de causalidade (no domínio referencial - Sweetser, 1991), o que posiciona este trabalho no quadro de estudos sociofuncionalistas (Naro & Braga, 2001). Os dados foram extraídos de 48 entrevistas sociolinguísticas com nativos de Campo Grande (capital do Mato Grosso do Sul) e 48 com paulistanos (nativos da cidade de São Paulo e parte do córpus do Projeto SP2010: Construção de uma amostra de fala paulistana). Tais amostras foram estratificadas de acordo com as variáveis sexo/gênero, faixa etária (20-35; 35-59; 60 anos ou mais) e nível de escolaridade. Depois de descrever a trajetória de gramaticalização das três formas, esta tese examina os grupos de fatores que se correlacionam com seus empregos na expressão da causalidade referencial. As variáveis linguísticas são: sequência discursiva (narrativa, descritiva, expositiva e argumentativa), status da informação (velha, inferível, nova), gradiência do tópico discursivo (intratópico, intertópico), aspecto lexical (duração, telicidade, dinamismo) e aspecto gramatical (perfectivo, imperfectivo, resultativo e indeterminado). As análises revelam que então é a forma preferida em ambas as cidades (embora seja ligeiramente mais frequente em São Paulo, esta não é uma diferença estatisticamente significativa). Esta forma também é favorecida entre os falantes de nível universitário, em ambas as cidades, o que sugere que é possivelmente avaliada como a mais prestigiosa entre as três (seguindo a hipótese inicial, com base em gramáticas tradicionais, como Cunha & Cintra, 2001). No entanto, não existe uma correlação entre sexo/gênero e esta variável (ao contrário da tendência esperada de que as mulheres preferissem então, relativamente aos homens). Este fato permite um debate em torno do conceito de prestígio, quando se trata de variáveis discursivas. Além disso, não foram selecionadas exatamente as mesmas variáveis na análise de cada amostra: nível de escolaridade e aspecto gramatical são estatisticamente significativas para ambas as capitais; faixa etária foi selecionada para São Paulo (mas não para Campo Grande), enquanto sequência discursiva foi selecionada para Campo Grande (mas não para São Paulo). Na fala paulistana, então é a forma desfavorecida entre os informantes da segunda faixa etária, o que pode ser interpretado como um indício de uma mudança no estatuto social de aí e daí. No geral, os resultados sugerem que, embora então seja a forma preferida, a variável em foco é condicionada de modo diferente nas duas comunidades.

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