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Dissertação

Celina Gontijo Cunha

A prática da benzedeira : memória e tradição oral em terras mineiras.

 

http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/10284

Palavras-chave: Cura. Cultura popular. Sociolinguística Internacional.

Resumo: Esta pesquisa se propõe a analisar as rezas de cura populares inseridas no contexto das práticas de benzeção nas cidades históricas de Mariana (MG), Ouro Preto (MG) e Serro (MG), considerando-se a tradição oral e o rito no processo de interação social, quando é estabelecido o diálogo com Deus, no intuito de obter-se a cura. Tais práticas são realizadas majoritariamente por mulheres, que são agentes sociais do seu meio e têm a oralidade como carro-chefe tanto durante o rito propriamente dito, quanto para o repasse e preservação dessa tradição às novas gerações. Nesse sentido, o estudo das manifestações da linguagem está intimamente ligado aos fenômenos sociais, históricos e culturais. Assim, como mencionado acima,o objetivo geral da pesquisa é compreender as rezas populares de cura, considerando-se a tradição oral e o rito no processo de interação social.Os objetivos específicos são: analisar o poder conferido às palavras proferidas pelas benzedeiras no ato das benzeções, descrever o processo interacional entre a benzedeira e o consulente e registrar aspectos da tradição oral, do percurso sociocultural e da memória linguística dos ritos de benzeção. Para tal, foram utilizados os pressupostos teóricos da teoria da Sociolinguística Interacional, de John Gumperz e Erving Goffman, que atenta para a fala e o contexto no qual as interações são produzidas, de modo a considerar os variados aspectos da fala, do diálogo (benzedeira e Deus / benzedeira e consulente) que se estabelece nessa interação, ou seja, no ato da benzeção, destacando-se a linguagem como uma prática social. Também percorremos outras áreas do conhecimento, como a Antropologia e a Sociologia, com o propósito de compreender a origem, a formação e a permanência dessas práticas questão atreladas à cultura, à religiosidade e à medicina populares, no intuito de compreender as relações interpessoais estabelecidas, as quais mantêm a tradição ainda atual.Para a coleta de dados foi adotada a perspectiva etnográfica, partindo do princípio da participação do pesquisador durante o trabalho de campo. Para tanto, foi aplicado um questionário a cada uma das doze interlocutoras durante entrevistas que foram registradas em gravações de áudio, tendo sido utilizado o diário de campo que traz as observações da pesquisadora. Os dados recolhidos permitiram a análise do perfil das benzedeiras e de seus consulentes e a partir deles foi constituído o corpus da pesquisa, que é composto por um total de 34 rezas analisadas do ponto de vista linguístico, simbólico e contextual. Este estudo contribui para o entendimento do papel da benzedeira enquanto agente social de seu meio e da importância da tradição oral como veículo de conservação das práticas de benzeção. Ademais, destaca-se a importância de ser usada uma abordagem interdisciplinar, a fim de se alcançar uma perspectiva mais abrangente sobre o complexo conjunto de elementos que formam essas práticas, além de se destacar os atores sociais que nelas interagem por meio da linguagem em sentido amplo (palavras, gestos, silêncios). Também se evidencia o caráter multifacetado e sincrético dessas práticas, uma vez que foram verificadas variações nas rezas, na condução do rito, no uso dos elementos simbólicos, assim como no perfil das benzedeiras, inclusive em uma mesma localidade. Por fim, o presente estudo é um incentivo na busca de entendimento e reconhecimento acerca de uma prática imersa na memória cultural de um povo que carrega tradições seculares, manifestadas através da oralidade e pela coletividade e que tem ainda muitos aspectos a serem pesquisados.

Tese

Clézio Roberto Gonçalves

Uma abordagem sociolinguística do uso das formas você, ocê e cê no português

 

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-21012009-152856/pt-br.php

Palavras-chave: Interação. Língua portuguesa. Pronome de tratamento. Sociolinguística. Você (ocê e cê)

Resumo: Esta Tese de Doutorado apresenta um estudo da variação das formas pronominais você, ocê e cê no português oral do centro-oeste mineiro, especificamente da cidade de Arcos, adotando-se os pressupostos teóricometodológicos da Sociolinguística Variacionista e da Sociolinguística Interacional. A alternância do uso dessas variantes é influenciada por fatores linguísticos e sociais. Os dados foram submetidos ao tratamento estatístico do Programa GoldVarb 2001. O objetivo geral da pesquisa é, a partir dos estudos já realizados sobre o uso da forma você e suas variantes, investigar os fatores linguísticos e sociais, que condicionam a variação e a função interacional do pronome você. Foi analisado um total de 510 dados, obtidos em narrativas individuais orais espontâneas com 40 informantes de Arcos (MG), sendo 20 da área urbana e 20 da área rural, de ambos os sexos, agrupados em três faixas etárias (15-30 anos, 31-59 anos, 60 anos ou mais). Os principais resultados encontrados indicam que o perfil da variação é de variação estável e que, segundo a abordagem interacional, a forma você se comporta como um pronome de poder e as formas ocê e cê, como pronomes de solidariedade

Dissertação

Clézio Roberto Gonçalves

O objeto incorporado no discurso narrativo do português

 

GONÇALVES, Clézio Roberto; SARAIVA, Maria Elizabeth Fonseca. O objeto incorporado no discurso narrativo do português. 1999 xiii, 211 f. , enc. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras.

Palavras-chave: Objeto incorporado. Sintagma nominal. Narrativas orais do português.

Resumo: Este trabalho adota o conceito de objeto incorporado desenvolvido por Saraiva (1997a, b) e, a partir daí, propõe-se explorar a função discursiva do objeto incorporado, ou seja, as funções que o SN nu desempenha no discurso, estudando tal fenômeno em português, sob um prisma mais amplo, que permita a visão daquilo que antecede e sucede a unidade linguística, bem como a recorrência deste tipo de unidade em ambientes semelhantes e distintos.

Tese

Gilvan Mateus Soares

Os jogos digitais de livros didáticos de língua portuguesa

 

http://hdl.handle.net/1843/LETR-BBSRRX

Palavras-chave: Livros didáticos Avaliação. Jogos educativos. Letramento. Tecnologia educacional. Ensino auxiliado por computador. Língua portuguesa Métodos de ensino.

Resumo: A sociedade atual é, cada vez mais, influenciada pelas tecnologias digitais que modificam ou ampliam as práticas de letramento. Se diferentes recursos tecnológicos são utilizados socialmente com diversos propósitos, em uma época em que seu domínio se torna uma demanda constante, a escola deveria oferecer meios para o uso satisfatório desses materiais. Nessa direção, em algumas coleções didáticas, do Programa Nacional do Livro Didático 2014, foram incluídos os objetos educacionais digitais. Por essa razão, esses materiais requerem uma reflexão acerca do tratamento que dispensaram à língua e à leitura, especialmente no que tange aos jogos digitais, objeto de investigação desta pesquisa. Com base em estudos sobre letramentos digitais, variação linguística e aprendizagem baseada em jogos, definiu-se como objetivo geral desta pesquisa analisar os jogos de coleções didáticas em seus aspectos estruturais e suas concepções sobre o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa. No intuito de alcançar esse objetivo, procedeu-se a uma análise de conteúdo dos jogos e captou-se, em relação a esses recursos, a percepção de professores e alunos do Ensino Fundamental 6º ao 9º Anos de escolas públicas em Minas Gerais. Os resultados revelaram que: (1) alguns dos jogos podem se valer de recursos digitais, como inserir um personagem, simular um ambiente e integrar diferentes modos (visual, sonoro, verbal), mas acabam se configurando em atividades que foram transferidas para um suporte digital, pois: (a) a mecânica dos jogos favorece uma jogabilidade que limita a liberdade do jogador e oferece uma sequência repetitiva de desafios; (b) os avatares são essencialmente figurativos, porque não podem ser customizados e nem compartilham conhecimentos e habilidades com os jogadores, resultando na constante repetição de movimentos; (c) os cenários são, geralmente, decorativos, porquanto simulam superficialmente ambientes físicos; e (d) a ação do jogador, em um bom número de jogos, limita-se a respostas para questões objetivas em múltipla escolha; (2) a abordagem da língua de grande parte dos jogos se reduz ao nível da palavra, da frase ou de trechos descontextualizados sem se considerarem as implicações das escolhas linguísticas para a produção de sentido; (3) alguns jogos despertam o interesse dos alunos e dão suporte à abordagem dos conteúdos, disseminando conhecimentos e promovendo a formação cultural. Essas constatações levam a crer que os jogos, de modo geral, poderiam ter explorado mais efetivamente as características da mídia digital em que se inserem. Além disso, desconsiderando que o funcionamento da linguagem ocorre em textos autênticos, a maioria dos jogos privilegia a norma-padrão e o sentido já dado no texto, cabendo ao aluno-jogador obter informações e reconhecer usos e regras da escrita formal. Concluiu-se que os jogos, se bem produzidos e utilizados, colaboram com o processo de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa, ao conciliarem prazer/diversão e princípios pedagógicos pertinentes. Se assim for, eles podem tanto despertar o interesse e gerar um estado de ânimo dos alunos, quanto desenvolver suas competências comunicativas, além de potencializar o uso da sua língua, na condição de usuários competentes e de leitores críticos.

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